sábado, 23 de julho de 2016

Conflitos internos e a cura pelo amor.

Quando começamos a busca do auto-conhecimento, da expansão da consciência, quando começamos a meditar, a praticar yoga e a observar o nosso discurso interno, apercebemo-nos da quantidade de vozes e desejos contraditórios que habitam dentro de nós. Freud chamou-os de conflitos internos, entre o inconsciente e consciente, entre id e super ego. Essa é a base para o ser neurótico.

Convenhamos, a nossa sociedade é perita em criar neuróticos, é o seu produto!...e portanto não nos admiremos com a quantidade de eternos insatisfeitos que por aí deambulam perdidos de si mesmos. A sociedade e o seu subproduto, as pessoas, não querem saber das verdadeiras necessidades internas de cada um, que se diga de passagem...são as mesmas para todos! Essencialmente amor e por consequência auto-realização.

Mas o amor não existe. O verdadeiro amor, esse infelizmente, não existe. Existe amor condicionado, existe expectativas, exigencias. Mas amor puro, amor livre, amor em movimento, esse é raro...O bebé nasce já com projecções e desejos não cumpridos dos seus pais e familiares, que se não são correspondidos pelo pequeno, sente que não é digno de amor. Cria-se então uma maneira de Ser para que se seja amado, que não seja egoísta, que não seja diferente, que seja tudo o que "sonhei para ti". A criança aprende então as normas convenientes para se estar em família e em sociedade, e o seu verdadeiro Ser, com as suas particularidades, com as suas necessidades, com as suas individualidades, talentos escondidos, cores e vibrações especificas ficam cada vez mais esquecidas...e o Eu perde-se de si próprio.

Mais tarde surgem crises, depressões, desesperos, desajustamentos que não se entendem porque foi tudo sempre tão "certinho" e correcto, como manda a lei. Mas a pessoa sofre. Sofre porque está perdida, não sabe quem é, é subproduto, a quilometros de distânica de si. Sofre porque começa a ouvir vozes que vão contra todas as outras vozes, que inicialmente eram externas, mas agora são internas, e bem más! Autênticas "cabras" (desculpem-me a expressão) internas. Sofre porque tenta seguir a voz do seu coração mas sente-se sozinho, abandonado e/ou castrado.

E assim nascem os conflitos internos, entre aquilo que eu Sou, aquilo que acredito, aquilo que é a minha verdade, e minha essência, e aquilo que me ensinaram a ser. Na verdade é tudo confuso, e como a mente não pára nunca o seu discurso interno, instala-se uma verdadeira batalha, que nos custa a saúde e energia vital. A cura é só uma, e com riscos de soar a clichê ou a caretices, é o amor. Amor puro, amor de pura aceitação do Ser. Aquele amor que a mãe não soube dar a si própria e por consequencia não soube dar ao bebé.

É em cada um de nós que está a cura. Caba-nos a nós dar amor. Amor sincero, a nós próprios e aos outros. Aceitar cada um como é, cada história, cada caminho. Começando por aceitar as vozes que surgem, mesmo as mais feias, as de que menos gostamos, pois são essas as que precisam de mais amor, pois são as mais sofridas. Não é fácil ouvi-las, surgem tão rápido que mal da-mos por elas, temos de estar atentos e vigilantes.

É por isso que todas a práticas falam de meditação, atenção plena, para que possamos começar o processo de aprender a amar. Amar e aceitar o que venha, o que surja de lá de dentro, sem expectativas, sem o "não é suposto" ou o "não é normal". Afinal quem sabe o que é normal? Quem é o dono da verdade ou o que é a verdade?




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