Num mundo extremamente mental como o
que vivemos, onde o processo de pensar é um vicio incontrolável,
sentar e contemplar a vida parece uma piada de mau gosto, que no
mínimo cria ainda mais ansiedade. A mente quer-se activa, e o corpo
calado e “desligado” para que não atrapalhe a produtividade, e
que funcione como uma máquina ao serviço do capital. E assim, o
fenómeno mente-corpo cliva-se e deixa de ser um só. Estamos desligados do corpo, estamos
desligados dos sentimentos e das emoções, estamos desligados da
vida! Porque sentir não é produtivo!...essa é a verdade. E é aqui
que começamos a nossa prática de yoga, no asana, na postura.
Começamos com o asana, pois é a parte
mais palpável do nosso Ser, é aquela que mais facilmente
conseguimos começar a trabalhar. E começamos bem e em grande!
Trabalhamos a força muscular, a flexibilidade e o alinhamento.
Suamos por todos os poros com o objectivo de transpirar e iniciar o
processo de purificação e limpeza do corpo, pois desejamos um corpo
são e uma mente sã. E logo assim, na primeira prática sentimos
verdadeiramente consciência corporal, consciência do corpo e dos
tecidos que o compõe. Mas o processo da consciência corporal vai
muito além das meras dores musculares evidentes nos primeiros dias
de prática.
Não nos sentimos ligados a nós e aos
outros porque estamos tensos. Porque criamos mascaras socialmente
aceites e bonitas, devido a crenças, ideias e imagens que achamos
não serem dignas, bloqueamo-nos e limitamo-nos, guardamos essas
monstros no fundo da alma, do corpo, da mente. O que não sabemos é
que esses fantasmas, esses espíritos mortos, esses sentimentos não
expressos, dia-a-dia nos conduzem, boicotam os nossos sonhos,
prendem-nos as asas, e não nos permitem vislumbrar o paraíso. Sem
nos apercebermos, levamos uma vida assim...sem vida, sem consciência,
guiados por algo que nem sabemos o que é, automáticos...
Sim! Começamos pela prática do asana,
pois há muito que descobrir. Não podemos ser felizes, livres, quem
somos,...se não resgatarmos essas partes que foram negadas, que
foram castradas e reprimidas. Temos de ir ao corpo, temos de ir aos
músculos, às vísceras e tirar de lá o pó. Tirar a tensão, tirar
os bloqueios. Temos de nos abraçar, perceber que somos corpo, que
temos limites, que somos humanos. Temos de arrumar a casa e criar
espaço, temos de respirar ar puro. E como mente e corpo são um só,
ao trabalharmos o corpo, também estamos a trabalhar a mente, e para
os unir, para nos unir-mos, e tornarmo-nos um só, respiramos. Mas
esse, será outro post...;))
❤❤❤
<3
ResponderEliminar